Os meninos são ex-estudantes da Escola Vitório Marcon - da rede municipal - na comunidade da lhotinha
Patrícia Inácia da Silva, esposa de José Luiz Hyppolito, o Zezé, mãe de Luiz Eduardo da Silva Hyppolito, de 11 anos, e Davi da Silva Hyppolito, 12. Esta não é uma família diferente das outras, mas as circunstâncias da vida levaram os quatro integrantes deste laço fraternal a viver em três casas distintas de três Estados do Brasil: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Os meninos são ex-estudantes da Escola Vitório Marcon - da rede municipal - na comunidade da lhotinha, onde moravam em Capivari de Baixo. Luiz Eduardo e Davi também frequentavam o Ceaca no contraturno escolar.
Pela dedicação dos dois, o talento e, principalmente, pela aposta e carinho que a mãe depositava em ambos, hoje um defende as cores do Flamengo e outro do Internacional de Porto Alegre. Ou seja, o pai, que trabalha em uma fazenda de arroz na cidade termelétrica há 16 anos, segue na Ilhotinha, Davi, que tem impressionante 1,86m e calça uma chuteira número 44, viaja a capital gaúcha nesta quinta-feira (17), onde irá morar em uma casa de atletas, já o mais novo, Luiz Eduardo, tem 1,58m, mas fez 11 anos há pouco tempo e já calça chuteiras número 40, mora com a mãe no Rio.
Descoberta dos talentos
Segundo Patrícia, eles foram descobertos em uma peneira que ocorreu na Escolinha do Maccari, em Tubarão, em 2020, onde havia alguns ‘olheiros’ - palavra utilizada para definir os caça-talentos no mundo da bola. “Lembro muito bem desta data. Os jogos seriam em um sábado, eu não avisei nada para os meninos. Realizei a inscrição deles sem saberem. Nem chuteira tinham, arrumei duas velhinhas na véspera da peneira”, recorda a esposa de Zezé, um ex-zagueiro do Aparecida da Ilhotinha, time do futebol amador na cidade.
Custos e dificuldades
Os meninos de Capivari já são orgulho da Ilhotinha. Devem assinar contrato com os dois grandes clubes do futebol brasileiro, mas até lá, passam por algumas dificuldades, principalmente para que possam se manter nas capitais fluminense e carioca. “Hoje, estou acompanhando o mais novo no Rio. Fico alternando. São gastos com aluguel, transporte, material esportivo e alimentação. Nossa família e a comunidade são muito unidas e nos ajudam como podem desde o ano passado, quando esta saga de viagens, testes e treinos começaram”, detalha. Recentemente, parentes, amigos e moradores da Ilhotinha organizaram um sopão e um bingo para angariar recursos e destinar aos garotos. Até a bicicleta da família foi posta em rifa.
“Meu marido trabalha muito, mas seus vencimentos não suprem tudo. Sou empregada doméstica, mas preciso acompanhar meus meninos. É muita correria, condução, enfim. Eles precisam seguir em treinamento. Os contratos com os clubes só podem ser assinados legalmente quando completarem 14 anos. Esta também é a idade mínima que os dois são autorizados a se alojarem nas dependências do Flamengo e Internacional, respectivamente. Até lá, sabemos das dificuldades que iremos enfrentar, mas tudo tem um propósito, e este é o que Deus nos reservou”, envolve, emocionada, Patrícia.
Fé, união e sonhos
Até hoje, nenhum grande empresário abraçou a história e o talento dos irmãos Hyppolito. Um amigo de infância e vizinho da família que criou as redes sociais de Davi e Luiz Eduardo no Instagram e fez algumas contribuições. Não tiveram grande visibilidade na região, mas estão rompendo barreiras por meio do esporte, do futebol e da vontade em vencer na vida, em crescer, em proporcionar uma vida melhor aos pais, à família, em retribuir o carinho da comunidade da Ilhotinha. Eles têm sonhos, como quaisquer outras crianças e adolescentes brasileiros, o deles é representar nosso município, defender um grande clube, as cores da seleção e fazer o que gostam, jogar bola.
Ajuda
Quem quiser entender melhor esta história e puder colaborar com os garotos, basta contar o WhatsApp da Patrícia: (48) 99863-8487.
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