Cenário fiscal frágil e incertezas políticas impulsionam alta da moeda; mercado reage com desconfiança às medidas do governo
Nesta terça-feira (17) , o dólar bateu um novo recorde nominal frente ao real, atingindo R$ 6,20 no início da tarde, apesar das intervenções consecutivas do Banco Central no mercado de câmbio. A escalada reflete o ambiente de desconfiança interna em relação à política fiscal e monetária , além da expectativa pela decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos Estados Unidos .
Para tentar conter a alta, o Banco Central realizou, pela manhã, o terceiro leilão extraordinário em menos de uma semana, aceitando propostas que totalizaram US$ 1.272 bilhões , à taxa de R$ 6.1005 . Apesar disso, a moeda iniciou o dia cotada a R$ 6,16 , chegou a recuperar momentaneamente para R$ 6,09 , mas logo retomou a tendência de alta, fechando o dia em R$ 6,20 . Desde a última sexta-feira (13), o BC já injetou cerca de US$ 3,74 bilhões no mercado, mas sem sucesso em frear a desvalorização do real.
Cenário de desconfiança fiscal
O mercado mantém um tom de desconfiança em relação às contas públicas e ao pacote fiscal do governo federal. As medidas anunciadas, como cortes de gastos e ampliação da isenção do Imposto de Renda , foram consideradas insuficientes para garantir o equilíbrio fiscal no prazo médio. Declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva , minimizando os efeitos da inflação e criticando a política de juros do Banco Central, desenvolvem para elevar a percepção de risco .
“O dólar segue subindo porque as incertezas fiscais e monetárias no Brasil, exacerbadas pela falta de um plano fiscal robusto, estão gerando desconfiança entre os investidores” , afirmou Hayson Silva , economista da Nova Futura Investimentos .
Impactos na economia
A alta do dólar aumenta a pressão inflacionária , já que muitos insumos e produtos no Brasil são precificados em moeda estrangeira . Isso reduz o poder de compra da população e afeta a atratividade do país para investidores estrangeiros .
Além disso, o recorde do dólar influenciou a curva de juros futuros , que aumentou em todos os vencimentos nesta terça-feira. Os contratos para janeiro de 2027 saltaram de 15,05% para 15,52% , enquanto os de janeiro de 2035 subiram de 13,86% para 14,59% .
O Banco Central agora enfrenta um dilema : elevar ainda mais a taxa Selic , atualmente em 12,25% ao ano , para conter a inflação e estabilizar o câmbio, ou manter o foco em intervenções pontuais no mercado cambial.
A situação reforça o momento de incerteza econômica , com reflexos diretos sobre os preços internos e a confiança dos investidores.
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