Investigação na Operação Lesa Pátria busca responsabilizar envolvidos nos ataques à Praça dos Três Poderes, em janeiro de 2023
A 28ª fase da Operação Lesa Pátria foi deflagrada nesta quinta-feira (20) pela Polícia Federal. Foram expedidos 27 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul. A ofensiva busca identificar pessoas que financiaram e incentivaram a invasão ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro de 2023.
Em Santa Catarina, foram cumpridos 19 mandados, sendo 11 de busca e apreensão e oito de busca pessoal. As cidades e os alvos da ofensiva não foram divulgados pela Polícia Federal. Segundo a investigação, os prejuízos causados ao patrimônio público chegam a R$ 40 milhões.
A Operação Lesa Pátria é permanente e possui atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais cumpridos, pessoas capturadas e ofensivas realizadas.
Mandados de busca e apreensão da Operação Lesa Pátria:
Mandados de busca pessoal:
Lesa Pátria: relembre os atos de 8 de janeiro
Na tarde daquele domingo, 8 de janeiro de 2023, manifestantes revoltados com o resultado das eleições presidenciais vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. As ações foram orquestradas em um acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, de acordo com o relatório produzido pelo interventor Ricardo Capelli.
Os manifestantes invadiram as sedes e destruíram obras de arte, mobiliário e a própria estrutura das Casas. Os danos ao Palácio do Planalto foram estimados no valor total de R$ 7,9 milhões. E os prejuízos causados à sede do Supremo Tribunal Federal atingiram o valor de R$ 5,9 milhões. Dentre as obras destruídas, está o painel Araguaia, o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, entre outros.
No dia do ato, nove comandantes da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) estavam de férias ou de licença. Também estava de recesso o então secretário de Segurança do DF, Anderson Torres – ele é suspeito de ter colaborado com o evento.
Torres não estava no Brasil no dia do ataque e é investigado por omissão. Dois dias após os ataques, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Torres, onde encontrou a minuta de um golpe de Estado. O documento era o rascunho de um decreto para mudar o resultado das eleições presidenciais de 2022.
Pessoas invadiram e destruíram o STF, Palácio do Planalto e Congresso Nacional – Foto: Agência Brasil/Reprodução/ND
Intervenção federal e CPI
No dia seguinte à invasão, o Senado aprovou uma intervenção federal no Distrito Federal até 31 de janeiro para retomar o controle da Segurança Pública. Sob o comando do interventor Ricardo Capelli, foram realizadas exonerações, afastamentos e a instauração de inquéritos policiais militares.
No fim de maio foi instalada uma CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar os atos. O relatório final, aprovado em outubro, pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre as quais a do ex-presidente Jair Bolsonaro e de um possível financiador catarinense.
Também estão entre os denunciados militares do alto escalão, ex-assessores de Bolsonaro, supostos financiadores dos atos extremistas e a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. A oposição apresentou um relatório alternativo – recusado – culpando o presidente Lula (PT) e membros do governo federal.
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