Imagens inéditas captadas na costa do Canadá mostram uma zona de subducção em colapso — fenômeno raro que pode redefinir o futuro dos terremotos e vulcões.
Pela primeira vez na história, cientistas registraram uma placa tectônica se rompendo ativamente sob o oceano. O fenômeno foi identificado na costa da Ilha de Vancouver, no Canadá, e marca o início do fim de uma zona de subducção — a área onde uma placa mergulha sob outra, alimentando cadeias de vulcões e terremotos.
A descoberta, publicada na revista Science Advances, apresenta imagens sísmicas inéditas da região de Cascadia, no Pacífico Norte, onde as placas Juan de Fuca e Explorer estão se fragmentando sob a placa norte-americana.
“Esta é a primeira vez que temos uma imagem clara de uma zona de subducção em vias de extinção”, afirmou o geólogo Brandon Shuck, da Universidade Estadual da Louisiana (EUA), autor principal do estudo.
O que é uma zona de subducção
Essas zonas são regiões profundas da Terra onde placas oceânicas mergulham rumo ao interior do planeta, empurradas por forças tectônicas. É nelas que ocorrem os maiores terremotos e erupções vulcânicas do mundo, como no Japão e no Chile.
Com o tempo, no entanto, essas regiões podem enfraquecer e se romper, mudando completamente a arquitetura geológica da Terra e influenciando a formação de novos continentes.
Um “ultrassom” do fundo do mar
Para observar o processo, os pesquisadores usaram o navio Marcus G. Langseth, que enviou ondas sonoras ao fundo do oceano. Os ecos refletidos foram captados por um cabo de escuta de 15 km de extensão, criando um mapa sísmico detalhado da região.
As imagens revelaram falhas e fraturas com dezenas de quilômetros de extensão, indicando que a ruptura está em andamento há cerca de 4 milhões de anos.
Uma fratura viva no planeta
O rompimento acontece na junção tripla entre três placas tectônicas, uma das regiões mais instáveis do globo. As análises mostram que a microplaca Explorer — remanescente da antiga placa de Farallon — está se desprendendo da litosfera.
Com isso, a subducção na área pode estar chegando ao fim, dando lugar a uma falha transformante, onde as placas deslizam lateralmente — como ocorre na Califórnia.
“Estamos vendo o planeta se reorganizar em tempo real”, explica Shuck. “Essas falhas transformantes funcionam como tesouras que cortam a crosta e criam novas fronteiras entre placas.”
E agora?
Compreender como e por que as zonas de subducção terminam é essencial para prever mudanças na atividade sísmica e vulcânica global. Quando uma placa se desprende, as forças internas da Terra se redistribuem, podendo alterar padrões de terremotos, vulcanismo e até a topografia da superfície.
O modelo proposto pelos cientistas indica que essa ruptura pode abrir uma “janela” no manto terrestre, permitindo a ascensão de magma quente, o que explicaria novos vulcões surgindo no oeste do Canadá.
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