Ontem foi dia de discursos inflamados na tribuna da Alesc.
Vários parlamentares destacaram a passagem do dia da mulher, celebrado neste 8 de março, enquanto outros criticaram o decreto do Executivo que desobrigou o uso de máscaras nas escolas durante a sessão de terça-feira (8) da Assembleia Legislativa.
“Em 2021 cerca de 19 mil mulheres tiveram que recorrer ao Poder Judiciário para ter sua vida preservada através de uma medida protetiva. Será que era esse o lugar que elas deveriam estar”, questionou Luciane Carminatti (PT), aludindo ao bordão de que o lugar da mulher é onde ela quiser.
Carminatti lembrou o sofrimento das mães de pessoas trans e das mulheres pretas, “a carne mais barata do mercado”, e convidou os catarinenses a celebrar a vida, “mas acima de tudo a compreender as diferenças e o lugar de fala” das mulheres.
Sargento Lima (PL), Celso Zuchi (PT), Ada de Luca (MDB), Maurício Eskudlark (PL) e Volnei Weber (MDB) também celebraram o dia das mulheres.
“Meu respeito e amor por duas mulheres muito importantes, minha mãe e minha esposa, que diuturnamente dão um pouquinho de si para me tornar um homem melhor. Parabéns a todas as mulheres de Santa Catarina”, discursou Lima.
“A realidade não é tão poética como as postagens nas redes sociais”, observou Zuchi, que lamentou o registro de um caso de estupro a cada sete minutos no Brasil, assim como a participação feminina de apenas 15% nos parlamentos, quando as mulheres são a maioria dos eleitores.
“Quero deixar meu forte abraço e carinho a todas as mulheres de Santa Catarina e do Brasil”, registrou Ada.
“Mais do que palavras a gente tem de procurar fazer ações pelas mulheres no dia a dia”, advogou Eskudlark, que ressaltou atos que praticou como Delegado-Geral para criar mais espaços à participação feminina da segurança pública, além da criação de diversas delegacias de proteção da mulher, entre elas a de São Miguel do Oeste.
“Quero parabenizar a minha esposa e minha mãe e, em nome delas, todas as mulheres, nossas deputadas, enfim todas as mulheres”, afirmou Weber, que homenageou a catarinense Lúcia Maria Stefanovich, primeira delegada de polícia do Brasil, além da primeira secretária de Segurança Pública do país em 1995.
Doutor Vicente Caropreso (PSDB) noticiou o protocolo de moção de aplauso, alusivo ao dia internacional da mulher, a três mulheres de Jaraguá do Sul: Ieda Maria Schroeder Galastri, primeira médica da cidade; Irmã Ivone Antonio Fernandes, responsável pela maternidade do Hospital São José; e Leoni Tschoeke Krawulski, parteira da primeira ala da maternidade do Hospital São José.
O deputado ainda reivindicou um novo prédio para a Delegacia da Mulher de Jaraguá, uma vez que o atual é pequeno e constrange as vítimas com a perda da intimidade.
Bruno Souza (Novo) lembrou a luta das mulheres pela liberdade e citou a francesa Joana D’Arc, a americana Rosa Parks, a inglesa Margaret Thatcher e a catarinense Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi.
Já os deputados Jessé Lopes (PSL) e Ivan Naatz (PL) criticaram o decreto do Executivo que desobrigou o uso de máscaras nas escolas pelas crianças de zero a 12 anos.
“O decreto que desobriga o uso de máscara na minha opinião veio tarde demais, deveria ter sido muito antes e poderia se flexibilizar mais do que isso”, avaliou Jessé, que citou a resistência de diretores de escolas em cumprirem o decreto. “Tem diretores se apegando ao argumento de que a liberação não exclui a recomendação da Secretaria de Saúde para o uso de máscaras".
“O coleguinha está de máscara e ele não está de máscara. Como é que se diz para uma criança de menos de sete anos que o coleguinha tem de usar e ele não precisa? Por que não liberou de uma vez? Esse decreto só criou problema, não se pode em uma escola cada um fazer o que quer, pode servir para adulto”, criticou Naatz.
Agente da violência x vítima
Sargento Lima argumentou que o estado valoriza mais o agente que cometeu a violência do que a vítima. Segundo o parlamentar, um homem que agride uma mulher no máximo usará uma tornozeleira eletrônica depois de passar pela audiência de custódia.
“E a sua corja ficará jogando confete, a tornozeleira fornece status, é um ornamento e não funciona”, garantiu Lima, que citou o caso de servidor da Casa que sofreu acidente de trânsito próximo de Campos Novos, inclusive com a morte do pai, por causa de um motorista embriagado que dirigia de madrugada com tornozeleira eletrônica.
Veto parcial
Naatz criticou o veto parcial aposto pelo Executivo aos autógrafos de lei aprovada e que reduz a carga tributária sobre bares e restaurantes em Santa Catarina.
“Foram os que mais sofreram com a pandemia”, sustentou Naatz.