A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) afirmou nesta semana ter sido vítima de um episódio de transfobia institucional ao ter sua identidade de gênero alterada para o sexo masculino em um visto diplomático concedido pelos Estados Unidos.

Hilton, que havia sido convidada para palestrar na Brazil Conference 2025, realizada na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), classificou a situação como “constrangedora, violenta e desrespeitosa”.

“É uma situação mais do que constrangedora. É uma violência, um desrespeito, um abuso do poder, porque viola um documento brasileiro. É uma expressão escancarada da transfobia de Estado praticada pelo governo americano”, disse a parlamentar.

Após o episódio, desistiu de embarcar para os EUA. Em 2023, ela havia recebido um visto com o marcador de gênero correto, mas o documento expirou antes do novo evento. Na renovação, o erro foi identificado.

Eleita em 2022, Erika Hilton é uma das duas primeiras deputadas federais transexuais do Brasil, ao lado de Duda Salabert (PDT-MG). A congressista prepara uma ação internacional contra o governo dos EUA e tenta agendar uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

“É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra as pessoas trans tenha esbarrado em uma parlamentar brasileira indo representar o país numa missão oficial”, declarou.

A Embaixada dos Estados Unidos, ao ser procurada, respondeu que “é política do país reconhecer apenas os sexos masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, e que os dados de vistos são confidenciais, não sendo possível comentar o caso específico.

Desde seu retorno à presidência, Trump tem promovido reversões em políticas de diversidade e inclusão, como a suspensão do marcador “X” para passaportes e a proibição de redesignação de gênero para menores. Ele também determinou o fim de programas voltados à diversidade nas instituições públicas.

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