Homem voltou a agredir a criança ao retornar para casa após o trabalho, em Timbó, segundo delegado responsável pelo caso. Luna Nathielli Bonett Gonçalves não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Civil concluiu que, ao contrário das versões da mãe, o padrasto de Luna Nathielli Bonett Gonçalves foi o responsável pelas agressões que resultaram na morte da menina de 11 anos em Timbó, no Vale do Itajaí, em 14 de abril.
Nesta segunda-feira (13), o delegado André Beckman deu detalhes da investigação.
"Apanhou a ponto de ficar desacordada [...]. A partir desde momento, foi transferida para outro quarto e o indiciado saiu para dar aula de artes marciais. Quando retornou, voltou a agredi-la. A criança, de tão lesionada, veio a óbito", disse.
A violência ocorreu logo depois que o padrasto retornou do colégio em que a menina estava matriculada, segundo o delegado. "Ele não conseguiu [transferir a enteada de escola], motivo pelo qual começou as agressões contra ela com socos e com os instrumentos já apreendidos", explicou.
O homem e a mãe da criança foram indiciados por feminicídio, estupro de vulnerável e tortura e tiveram as prisões temporárias convertidas para preventivas, que não têm prazo de validade.
Vítima escondia lesões com roupas compridas
Segundo Beckman, com base no padrão de violência em relacionamentos anteriores do padrasto, a polícia concluiu que a criança sofria agressões desde o início do relacionamento da mãe, e com conhecimento da mulher, motivo pelo qual ela também foi indiciada. O casal estava junto há cerca de um ano.
O delegado também descartou a versão de um suposto namoro da criança, relatada em depoimento pela mãe como justificativa das lesões.
"Elas [vítima e a irmã dela, de 6 anos] não podiam sair de casa, não podiam ter amigos. Ela [Luna], tentava esconder as lesões, pois usava sempre roupas longas, inclusive no verão", afirma.
Segundo a polícia, Luna Nathielli Bonett Gonçalves foi achada morta em casa, com sinais de violência pelo corpo, no início da madrugada de 14 de abril. À polícia, a mãe da menina comunicou que não aceitava que a filha havia se tornado "sexualmente ativa". Ela confessou ter matado Luna com socos e chutes, versão desmentida pelo inquérito policial.
"Os elementos presentes no inquérito descartam tanto a primeira, quanto a segunda versão dada por eles [indiciados]. Ela [mãe] não tem compleição física para agredir a criança a ponto de ela vir a óbito com uma lesão intracraniana", diz Beckman.
A criança vivia com a mãe, o padrasto, a irmã de 6 anos e o irmão de 9 meses, segundo apurou a Polícia Civil.
Apesar de morarem durante meses em uma rua residencial do bairro Imigrantes, a mãe e os filhos não eram vistos ou ouvidos pelos vizinhos. Em depoimento, a mulher disse que não saía do imóvel por escolha própria, por sofrer síndrome do pânico. Com isso, também não deixava que as filhas fossem para a rua.
De acordo com a Polícia Militar, o padrasto de 41 anos tem passagens na polícia por crimes como violência doméstica, dano, lesão corporal e estelionato. Ele trabalhava como professor de Jiu-Jitsu em academias da cidade, mas perdeu os empregos com a repercussão do caso.