A investigação, que iniciou em maio de 2022, conseguiu levantar provas de indícios de prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Apreensão de R$ 40 mil em dinheiro, quatro veículos apreendidos, além de quatro mandados de prisões temporárias cumpridos, foi o resultado da Operação Iluminado, deflagrada pela Polícia Civil de Içara na manhã desta terça-feira, dia 16. Os detalhes da ação foram divulgados pelo delegado Rafael Iasco, coordenador das investigações, em coletiva na tarde de hoje. Duas das quatro pessoas detidas foram liberadas e outras duas permanecem presas.
O foco da operação foi a Cooperativa Aliança (Cooperaliança), cooperativa de distribuição de energia nas cidades de Içara e Balneário Rincão, além de parte dos municípios de Jaguaruna e Araranguá. A ação policial apura desvio de recursos da Cooperaliança para enriquecimento ilícito de pessoas ligadas à atual gestão da cooperativa e familiares.
A investigação, que iniciou em maio de 2022, conseguiu levantar provas de indícios de prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica e sonegação fiscal.
“Houve um enriquecimento rápido de alguns dos atuais gestores da Cooperaliança. E temos provas de que isso realmente ocorreu”, informou o delegado Rafael Iasco. “Ainda não temos o valor total que possa ter sido desviado. Mas houve uma movimentação financeira muito atípica de pessoas ligadas à gestão da cooperativa, muito aquém da capacidade financeira delas”, reforçou.
Dinheiro em espécie
Os 12 mandados de busca e apreensão e os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de Içara e Balneário Rincão. Foram apreendidas também escrituras e contrato de compra e venda de imóveis. Buscas foram efetuadas ainda em uma revenda de veículos. “Este estabelecimento, à princípio, seria para lavar o dinheiro desviado, assim como a compra de imóveis”, disse o delegado.
Durante as buscas a Polícia Civil localizou R$ 40 mil em dinheiro na casa de um dos investigados. “Ele falou que não tinha nada. Entregou documentos, falou que colaboraria com a investigação. Durante as buscas, ao abrir um compartimento caiu o dinheiro”, detalhou Iasco.
A prisão temporária tem prazo legal de cinco dias, podendo ser prorrogada por período igual. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de solicitar a prisão preventiva dos suspeitos, que é quando os investigados ficam presos durante todo o processo judicial.
“As prisões temporárias decretadas têm como objetivo não tumultuar as investigações. Estamos em um momento bem sensível da operação. Então vamos manter essas pessoas sem o poder de manipular provas ou testemunhas. Se a gente achar que as provas são suficientes para pedir uma prisão preventiva, vamos pedir”, destacou.
Estimativa de 60 depoimentos
Ao longo desta terça-feira, mais de seis pessoas já prestaram depoimento. O delegado acredita que mais de 60 pessoas serão ouvidas ao longo das investigações. Há a possibilidade de deflagração de mais fases da operação.
“A princípio tem todo um conluio de pessoas. São duas pessoas presas, mas ainda podem surgir mais nomes. A investigação também pode ter novas etapas. Se alguém tem algo para falar, que fale agora para a Polícia Civil. A hora é agora”, enfatizou Rafael Iasco.
Cooperativa trabalhando
Após a ação policial, a Cooperaliança retomou as suas atividades. Não há no momento decisões judiciais para pedido de afastamento dos investigados ligados à cooperativa. Núcleo Macrorregional do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (LAB-LD/Deic) e a Polícia Científica também se instalaram nesta terça-feira na sede da empresa para coletar provas nos computadores, além de analisar dados dos celulares dos suspeitos.
Em nota a Cooperaliança informou que “está à disposição das autoridades judiciárias para quaisquer informações que forem necessárias com relação à Operação Iluminado”, e que, por meio do seu departamento jurídico, “aguarda os desdobramentos das investigações a fim de contribuir com a transparência”. Confira abaixo a nota completa divulgada pela cooperativa:
A Cooperativa Aliança - concessionária de distribuição de energia elétrica -, vem a público esclarecer, em respeito à sociedade e à imprensa, que está à disposição das autoridades judiciárias para quaisquer informações que forem necessárias com relação à Operação Iluminado, deflagrada na manhã desta terça-feira (16), pela Polícia Civil.
A empresa também informa que, por meio do seu departamento jurídico, aguarda os desdobramentos das investigações a fim de contribuir com a transparência. No momento, não temos mais informações a serem repassadas, uma vez que o processo encontra-se em segredo de justiça.