Queiroga desviou de perguntas sobre cloroquina, mas afirmou: 'pode causar arritimia'.
Em depoimento à CPI da Pandemia ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu que foi divulgado um número superestimado de vacinas já contratadas contra a covid-19. Em peças de propaganda, a pasta dizia ter comprado mais de 560 milhões de doses.
Ao responder a um questionamento oficial formulado pelo deputado federal Gustavo Fruet (PDT-PR), porém, o ministério informou nesta semana que o número realmente contratado era a metade disso: 280 milhões de doses. O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou o desencontro. Diante dos senadores, Queiroga apresentou novos números e afirmou que há 430 milhões de doses de vacinas contratadas, dado que não inclui doses da Fiocruz.
"Não há um contrato entre a Fiocruz e o Ministério da Saúde. E essas doses da Fiocruz não foram ali consideradas. De tal maneira que o Ministério da Saúde já vai fazer uma retificação dessa informação que foi prestada de maneira imprecisa à Câmara dos Deputados", disse o ministro.
Questionado sobre outros temas, como o uso de cloroquina, declarações de Bolsonaro e ações de gestões anteriores, Queiroga evitou responder diretamente e alegou não poder fazer "juízo de valor". Essa resposta foi a mais recorrente durante a reunião desta quinta-feira, iniciada pouco depois da 10h. Em relação à vacinação, contudo, o ministro foi taxativo:
"A vacina contra a covid é uma resposta da ciência. A solução para a pandemia é a campanha de vacinação. Precisamos vacinar a nossa população", declarou Queiroga. Sobre a recusa do governo em assinar contrato com a Pfizer em agosto do ano passado, o ministro afirmou que não poderia falar sobre tratativas de um gestão anterior.
Queiroga evitou responder se concorda com o uso de cloroquina como "tratamento precoce” contra a covid-19, mas reconheceu que o uso indiscriminado do medicamento pode causar arritimia cardíaca.
"Independentemente de o paciente ter covid-19 ou não, esses medicamentos, como outros medicamentos, podem causar arritmia. Então, isso aí precisa ser avaliado pelo médico", afirmou ao responder a Otto Alencar (PSD-BA).