Sindicato acusa presidente Marcio Pochmann de desvio institucional e lançamento sem respaldo técnico; manifesto cobra respeito à ciência e à função pública do instituto
A crise interna no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (8), com o lançamento de um novo mapa-múndi invertido. A iniciativa, promovida pela presidência do órgão, desagradou técnicos da casa e motivou severas críticas por parte de sindicatos e servidores.
A nova cartografia coloca o Brasil no centro do mundo, com o hemisfério sul no topo, em uma inversão da tradicional orientação dos mapas. A proposta, segundo o presidente Marcio Pochmann, visa estimular a reflexão sobre o papel do Brasil e do Sul Global no cenário internacional. Mas para os servidores, a medida representa um “desvio institucional”.
O Assibge-SN, sindicato nacional dos servidores do instituto, publicou nota afirmando que o mapa “não foi construído pelas áreas técnicas” e acusa a gestão de lançar o material sem respaldo técnico e com viés político. “Poderia compor material didático se acompanhado de outras representações, mas não pode ser lançado como produto institucional oficial sem construção técnica apropriada”, diz a nota.
No edifício sede do IBGE na Avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro — onde atuam cerca de 700 servidores das principais diretorias —, também houve manifestação de repúdio. Um manifesto divulgado pelos trabalhadores afirma que a ação “distorce em vez de informar” e compromete a credibilidade histórica da instituição.
“O IBGE não pertence a pessoas. Pertence ao Estado, à sociedade e ao futuro. O Brasil não precisa estar no centro do papel. Precisa estar no centro da honestidade técnica, da responsabilidade pública e do compromisso com a verdade”, diz o texto, que aponta ainda possíveis violações de princípios constitucionais da administração pública, como finalidade, impessoalidade e moralidade.
Para os servidores, o ato compromete décadas de trabalho sério e prejudica a função educativa e comparativa dos produtos cartográficos do instituto. “Trata-se de uma encenação simbólica que fere o princípio da eficiência e confunde a educação”, acrescenta o manifesto.
Em resposta, o IBGE afirmou que o novo mapa faz parte de uma série de ações estratégicas para “reflexão sobre o Sul Global” e destaca países dos BRICS, Mercosul, lusófonos e amazônicos. A autarquia justificou o lançamento em meio à presidência brasileira do BRICS e Mercosul, além da realização da COP30 no Brasil.
Apesar da justificativa oficial, o clima entre os servidores é de insatisfação. Eles afirmam que o IBGE deve continuar sendo referência em dados técnicos e confiáveis, e não ceder a práticas simbólicas que ferem o rigor científico.
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