Presidente da federação defende atuação diplomática urgente para preservar competitividade e atratividade do Brasil
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) avaliou como severo o impacto da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil. A medida ameaça diretamente a competitividade da pauta exportadora catarinense, com destaque para itens manufaturados como madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, defende a manutenção dos canais diplomáticos com os EUA, ressaltando que a taxação, além de prejudicar embarques, pode afetar investimentos internacionais no país.
“É preciso agir com equilíbrio, buscando soluções que considerem os interesses estratégicos do Brasil. Do ponto de vista econômico, a tarifa não se justifica, já que os EUA mantêm superávit com o Brasil há décadas”, disse Aguiar.
A federação avalia a decisão sob três pilares:
Econômico: os EUA têm superávit há anos na balança com o Brasil, o que enfraquece a justificativa tarifária;
Soberania: decisões internas do Brasil devem ser respeitadas;
Diplomacia: o país vem assumindo posturas desalinhadas com os Estados Unidos, o que pode influenciar medidas de retaliação.
Sem ainda detalhar os produtos afetados, a tarifa causa preocupação em setores exportadores de Santa Catarina, especialmente diante da possibilidade de concorrentes internacionais enfrentarem taxas menores. Segundo Aguiar, isso desequilibra as condições de competitividade.
Em 2023, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações catarinenses, somando US$ 1,74 bilhão, o que reforça a gravidade da medida para a economia estadual.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também se manifestou, apontando que a decisão impactará diretamente cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras. A entidade lembrou que, no comércio de bens, os EUA acumulam superávit de US$ 91,6 bilhões com o Brasil na última década. Incluindo serviços, o valor chega a US$ 256,9 bilhões.
A CNI reforçou ainda que os produtos americanos enfrentaram no Brasil, em 2023, uma tarifa real média de apenas 2,7%, muito inferior à alíquota nominal de 11,2% estabelecida na Organização Mundial do Comércio (OMC).
“A relação entre os dois países sempre foi estratégica e deve ser preservada. Retaliações como essa enfraquecem os laços econômicos e colocam em risco empregos, receitas e oportunidades de negócios”, finalizou Aguiar.